Vazio de mim
A esmo
Ermo de sentimentos
Feito anjo expulso do paraíso
Sem pecado cometido caído e condenado
A vagar por labirintos e abismos
Vagueio pelo deserto
Dos meus dias
Imerso na letargia que me obsedia...
Intentando transpor riscos levadiços
Tropeço sobre abissos
Em horas infindas mergulham os dias
E perco-me em singularidades
Onde o tempo e espaço se confundem
Não mais existo
Sou o grito que se perdeu no eco
A luz que viaja o cosmo
Transluzindo mundos diáfanos
Mergulhados em vácuos infinitos
Sou a inspiração esvaída
Concebida para se perder
Na frouxidão de palavras contidas
À deriva nas pontas dos dedos
Errantes métricas e rimas traídas e retraídas...
Sou o verso contrito
O verbo mudo
Fóton nulo na sombria sombra
Poética algemada enclaustra em muros
Hoje estou vazio de mim
De corpo e alma dispersos
Sou livro aberto de páginas em branco
Pura solidão pairada adejando ao vento
Lacuna sem preenchimento
Folha caindo em lento
Sou as laudas de um caderno virgem
Sequioso das gotas do carmim
- minhas paralelas convergem a um fim -
Apenas a sorver as lágrimas
Que brotam de mim
Caem sobre mim
Para se perderem em mim...
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