Imagem: Web
Tarde de domingo
Horas lentas e vazias flanam na
Inconsistência de sentimentos
rabiscados.
Tentativas de versos que ousaram
alarem-se boca afora e,
Natimortos sucumbiram a pontas
quebradas de lápis.
Incompletos jazem atapetando o chão
do quarto.
A atmosfera exala o acre do ar
enclaustro por trás das portas e janelas fechadas
Espiralando filetes de fumaça que
se anuviam sob um teto inquisidor.
Cigarros que não foram tragados até
o fim
Ostentam corpos carbonizados nas
bordas sujas do cinzeiro
A espera de uma lufada que espalhe
suas partículas no tempo e espaço.
O crepúsculo que se deita no ocaso
Insiste transluzir a vidraça
Para morrer ante a opacidade da
cortina.
O vento farfalha as folhas lá fora
e traz para dentro sons que parecem
Ecos propagados dos arcanos da
memória em mensagens codificadas.
O etílico do álcool consumido
condensa-se no hálito bafejado
Mantendo-se suspenso na penumbra
sorrateira cortada pela luz fosca do abajur.
Sobre a mesa de cabeceira, um livro
fechado antes da última página,
Faz companhia a um copo emborcado e
a uma garrafa vazia.
No chão, ao lado de chinelos rotos,
um porta-retratos virado,
Intenta esconder a imagem que
motivara toda a melancolia vespertina.
De um campanário distante ressoam
notas da hora do ângelus,
E na contramão de um coração de
consistência diamante,
A pele febril arde evaporando gotas
de suores forjadas no tártaro,
Onde vagueiam perdidas almas
querentes...
Nas veias, sangue quente, jorra
feito célere torrente.
Pra despertar da letargia, é hora
de levantar e passar um café bem quente!
(Amalri Nascimento)
Imagem: Web
Nenhum comentário:
Postar um comentário