sábado, 1 de dezembro de 2012

Tarde de domingo

Imagem: http://my.opera.com/ammbarleon/albums/slideshow/?album=10869112#



                                                                     Imagem: Web

Tarde de domingo


Horas lentas e vazias flanam na
Inconsistência de sentimentos rabiscados.
Tentativas de versos que ousaram alarem-se boca afora e,
Natimortos sucumbiram a pontas quebradas de lápis.
Incompletos jazem atapetando o chão do quarto.

A atmosfera exala o acre do ar enclaustro por trás das portas e janelas fechadas
Espiralando filetes de fumaça que se anuviam sob um teto inquisidor.
Cigarros que não foram tragados até o fim
Ostentam corpos carbonizados nas bordas sujas do cinzeiro
A espera de uma lufada que espalhe suas partículas no tempo e espaço.

O crepúsculo que se deita no ocaso
Insiste transluzir a vidraça
Para morrer ante a opacidade da cortina.
O vento farfalha as folhas lá fora e traz para dentro sons que parecem
Ecos propagados dos arcanos da memória em mensagens codificadas.

O etílico do álcool consumido condensa-se no hálito bafejado
Mantendo-se suspenso na penumbra sorrateira cortada pela luz fosca do abajur.
Sobre a mesa de cabeceira, um livro fechado antes da última página,
Faz companhia a um copo emborcado e a uma garrafa vazia.
No chão, ao lado de chinelos rotos, um porta-retratos virado,
Intenta esconder a imagem que motivara toda a melancolia vespertina.

De um campanário distante ressoam notas da hora do ângelus,
E na contramão de um coração de consistência diamante,
A pele febril arde evaporando gotas de suores forjadas no tártaro,
Onde vagueiam perdidas almas querentes...
Nas veias, sangue quente, jorra feito célere torrente.
Pra despertar da letargia, é hora de levantar e passar um café bem quente!
(Amalri Nascimento)

Imagem: Web

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